Enquanto os céus continuam a tecer uma nova rede de
consciência dentro e fora de nossas vidas, alcançamos uma fase de grande
mudança, enquanto começamos a enfrentar os demônios e medos internos. Todos
nós temos sofrimentos a suportar e desafios a superar, pois isto faz parte da
vida. Algumas vezes, as coisas acontecem e temos pouco controle sobre elas e
fazemos escolhas ou tomamos decisões que nos levam a um caminho árduo ou
difícil. Há muitas rotas para o Ser, e muitas envolvem terminar nos recessos
escuros da vida, a fim de nos movermos além do medo, para um espaço de
conhecimento e de amor.
É difícil negar o clima cósmico um tanto turbulento em que nos encontramos
agora.
De muitas maneiras, a vida parece bem difícil no momento, mas ao mesmo tempo,
enquanto chega a luz do novo amanhecer, há um dinamismo e alegria que parece
extraordinário e Divino. Enquanto as energias fluem e refluem em alguns
níveis, elas rodopiam em outros. Isto é confuso e pode parecer opressivo.
Podemos nos perceber agitados pelas ondas e correntes da vida, e até caminhar
na água pode ser cansativo. Podemos às vezes nos sentir como um pedaço de
madeira sendo carregado para “quem sabe onde”, batendo contra as rochas e nos
sentindo cansados e esgotados.
Quando reservamos um momento para recuarmos deste retrato do momento atual,
nós nos permitimos um espaço para respirar um pouco, para nos concentrarmos e
focarmos, e percebemos que apesar da agitação e do turbilhão, interiormente
estamos tranqüilos e energizados. É muito fácil nos perdermos no caos da
vida, sermos carregados pelas correntes, mas não somos pedaços de madeira
flutuante, a menos que escolhamos assim. Algumas vezes é mais fácil ser
levado pela vida, pois isto evita a tomada de grandes decisões, de assumirmos
a responsabilidade e isto significa que nunca temos que ser verdadeiramente
responsáveis pelo que realizamos ou não na vida. Palavras fortes, mas
necessárias, pois parece que alcançamos agora um estágio de escolha: podemos
permanecer como troncos, ou podemos estar em harmonia com o Todo, a fim de
reivindicarmos a nossa verdadeira essência e encontrarmos a paz interior.
Em muitos sentidos, isto se trata de percepção. Se nos sentimos impotentes,
então somos impotentes. Se nos sentimos cansados da vida, então a vida se
torna extenuante. Entretanto, se nos ligarmos ao brilho excitante e
exuberante deste tempo mágico, podemos começar a encontrar a paz, a força e a
sabedoria.
Todos nós temos momentos em que nos sentimos desorientados na vida, em que
aqueles recessos escuros assumem e pouca luz se manifesta. No entanto, é da
escuridão que emerge a compreensão, pois a escuridão não é algum espaço
estranho para temer ou negar, é uma parte de todos e de cada um de nós. Para
sermos equilibrados e íntegros, precisamos honrar a escuridão interior.
Temê-la, estimula-a e a encoraja a crescer. É quando honramos a escuridão que
deixamos ir o medo, a angústia e a ansiedade. Não se trata de afundar na dor
e no desespero, porém, trata-se de sermos honestos conosco, a fim de
encontrarmos a paz interior. É a partir desta paz que surge um verdadeiro
sentido de propósito e de conhecimento...
Enquanto prosseguimos ao longo do estreito caminho, e através de mares
tempestuosos, o medo é a força que corrói o caminho: ele é corrosivo e
destrutivo. Se o permitimos, o medo assume o controle e determina cada
aspecto de nossas vidas. Naturalmente, o medo serve a um propósito, ele
adverte e alerta, mas se deixamos que ele cresça, ele pode consumir e
assumir. Este caminho não é fácil, mas intuitivamente sabemos que superar o
medo e a dúvida é a única via para o Ser. Se o medo já viu o estrondo das
ondas, podemos surfar nas ondas. Se colidirmos com as rochas, então nos
levantamos e continuamos...
Naturalmente, a vida vista como uma jornada tão árdua pode adicionar o medo,
e isto faz parte da mudança agora. Estamos alcançando uma fase onde não mais
vemos o caminho como alguma força externa e desafiadora: deixamos ir o
caminho e nos tornamos Unos com ele. Se não gostamos de um caminho com mar
tempestuoso, então encontremos um calçadão ou uma praia: questões de
percepção...
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